Pesquisar

Por que Empresas Optam por Multi-fornecedores em Zero Trust

No cenário atual de cibersegurança, onde as ameaças evoluem constantemente e os perímetros tradicionais desapareceram, o modelo Zero Trust emergiu como uma abordagem essencial para proteger recursos corporativos. Neste artigo do blog Dolutech, vamos explorar por que muitas organizações estão escolhendo uma estratégia fragmentada, combinando múltiplos fornecedores especializados em vez de depender de uma única plataforma integrada.

Depositphotos 762790640 S
Zero Trust

A Limitação das Plataformas Únicas Zero Trust

Por 2025, o zero trust não será mais uma abordagem inovadora, será o padrão, segundo a Zscaler. Entretanto, embora as plataformas integradas prometam simplicidade ao oferecer todos os recursos de segurança em um pacote único, muitas empresas demonstram ceticismo em relação a essa abordagem monolítica.

A realidade é que Zero Trust não é uma solução de fornecedor único, mas sim uma abordagem abrangente que engloba identidades, dispositivos, aplicações, redes e dados. Nenhum fornecedor isolado consegue dominar todas essas frentes com a mesma excelência. Como enfatizam os analistas da Forrester, “Zero Trust é uma estratégia, não um produto”, e nenhum fabricante deve ser visto como solução completa para todos os requisitos.

Além da natureza multidisciplinar do Zero Trust, existem outros fatores que levam as organizações a evitar soluções monolíticas:

Risco de Dependência: Confiar exclusivamente em um provedor pode deixar a organização vulnerável caso esse fornecedor enfrente falhas técnicas, brechas de segurança ou não acompanhe adequadamente as novas ameaças emergentes.

Inovação Limitada: Um único fabricante possui seu próprio roadmap de desenvolvimento, enquanto um modelo multi-fornecedor permite aproveitar simultaneamente os avanços de vários líderes de mercado.

Vendor Lock-in: Soluções all-in-one frequentemente utilizam tecnologias proprietárias e pouco interoperáveis, aprisionando a empresa em um ecossistema fechado e reduzindo a flexibilidade para adaptações futuras.

Vantagens Estratégicas da Abordagem Multi-vendor

Adotar uma estratégia Zero Trust fragmentada com múltiplos fornecedores oferece benefícios estratégicos e técnicos significativos. A principal vantagem é poder implementar o conceito “best-of-breed” – escolher a melhor solução de sua categoria para cada necessidade específica de segurança.

Maximização de Pontos Fortes Especializados

Em vez de aceitar todos os módulos de um único fornecedor (que podem variar em qualidade), as organizações podem combinar ferramentas especializadas que oferecem funcionalidade otimizada para cada domínio de proteção. Por exemplo, é possível utilizar um provedor líder em gerenciamento de identidades, juntamente com outro especialista em segurança de rede e um terceiro em proteção de endpoints.

Essa abordagem aumenta a eficácia da segurança ao aproveitar conhecimentos especializados e técnicas diversificadas de detecção e resposta de múltiplos fornecedores. Cada fabricante contribui com sua própria inteligência de ameaças e competências específicas, elevando o patamar de proteção da empresa como um todo.

Agilidade e Flexibilidade Operacional

A Dolutech observa que empresas com estratégias multi-vendor conseguem maior rapidez na adoção de inovações. Quando surge uma nova tecnologia revolucionária, como ferramentas de detecção com IA avançada, a organização tem liberdade para integrá-la em seu ecossistema sem aguardar que seu provedor principal desenvolva algo similar.

Outros benefícios importantes incluem:

  • Independência Contratual: Capacidade de trocar componentes conforme necessário, sem refazer todo o stack de segurança
  • Controle de Custos: Diversificar fornecedores pode melhorar o controle de custos a longo prazo, evitando aumentos abusivos de licenças
  • ROI Otimizado: Uma pilha melhor alinhada às necessidades específicas tende a trazer retorno mais rápido e resposta ágil a novas ameaças

Desafios da Estratégia Multi-fornecedor

Nem tudo são vantagens em uma estratégia fragmentada. Ao distribuir a arquitetura Zero Trust entre vários produtos, as empresas enfrentam desafios significativos de integração, visibilidade e gerenciamento operacional.

Complexidade de Integração

O principal obstáculo é a complexidade operacional resultante de diferentes ferramentas que raramente foram desenvolvidas para trabalhar juntas de forma transparente. Sem um plano sólido de interoperabilidade, existe o risco de criar “ilhas isoladas de segurança” que não se comunicam adequadamente.

Isso prejudica a visibilidade centralizada – os analistas precisam alternar entre múltiplos dashboards e podem não ter uma visão unificada dos eventos, dificultando a correlação de incidentes e a extração de insights consolidados sobre ameaças.

Custos e Recursos Humanos

A integração técnica em múltiplas camadas pode ser trabalhosa. Frequentemente, é necessário desenvolver conectores personalizados ou utilizar APIs para orquestrar as diferentes soluções. Isso consome recursos e tempo da equipe de TI, que pode acabar gastando mais energia solucionando problemas de compatibilidade do que aprimorando a postura de segurança.

Nós identificamos que estudos mostram que a maioria das organizações não consegue aproveitar nem metade das capacidades das ferramentas que adquire, principalmente devido à complexidade de gerenciar vários sistemas separados.

O custo total de propriedade (TCO) pode ser mais alto, especialmente considerando múltiplos contratos, renovações e suportes. A escassez de profissionais qualificados em cibersegurança agrava essa situação, pois uma arquitetura com produtos diversos requer treinamento especializado em múltiplas plataformas.

Principais Fornecedores por Pilar Zero Trust

Para implementar uma estratégia multi-vendor eficaz, é fundamental compreender os principais domínios do Zero Trust e os fornecedores que lideram cada categoria:

Identidade e Acesso (IAM)

O pilar de identidades foca na verificação e controle de acesso. Os líderes incluem:

  • Okta: Referência em identidade como serviço e Single Sign-On
  • Microsoft Entra ID: Amplamente usado para autenticação e políticas de acesso condicional
  • Ping Identity: Soluções empresariais de SSO e MFA
  • Duo Security: Focado em MFA e acesso zero trust (parte da Cisco)

Rede e Acesso a Aplicativos (ZTNA/SASE)

Incluem ferramentas de Zero Trust Network Access, Secure Web Gateway e CASB:

  • Zscaler: Pioneira em ZTNA e segurança cloud com a plataforma Zero Trust Exchange
  • Palo Alto Networks: Prisma Access e SD-WAN integrados
  • Netskope: Destaque em CASB e segurança web cloud
  • Cisco: Secure Access, Umbrella e SD-WAN integrados
  • Cloudflare: Plataforma Cloudflare One com ZTNA e firewall

Dispositivos e Endpoints

Verificação da postura de segurança de cada dispositivo:

  • CrowdStrike: Plataforma Falcon EDR/XDR líder de mercado
  • SentinelOne: EDR com inteligência artificial avançada
  • Microsoft Defender: Integrado à stack de segurança Microsoft
  • Trend Micro: Apex One para proteção endpoint
  • Palo Alto Networks: Cortex XDR para detecção estendida

Proteção de Dados

Controle de acesso, movimentação e exposição de informações sensíveis:

  • Symantec (Broadcom): Tradição em DLP corporativo
  • Forcepoint: Soluções avançadas de prevenção de perda de dados
  • Netskope: CASB para controle de dados em aplicações cloud
  • McAfee (Skyhigh Security): Proteção de dados em ambientes SaaS
  • Varonis: Governança de dados e detecção de ameaças internas

Tendências de Mercado e Análises dos Especialistas

O mercado global de segurança zero trust foi estimado em USD 36,96 bilhões em 2024 e está projetado para crescer a uma CAGR de 16,6% de 2025 a 2030, refletindo a crescente adoção dessa abordagem.

Uma pesquisa do Ponemon Institute revelou que 71% das empresas de grande porte preferem selecionar fornecedores especializados best-of-breed para compor sua solução SASE/Zero Trust, em vez de adquirir tudo de um único provedor. Isso demonstra que organizações maiores e mais globais priorizam desempenho e segurança acima da simplicidade.

Visão dos Analistas

Analistas da Forrester enfatizam que nenhum fornecedor isolado entrega Zero Trust completamente. A Forrester nomeou Microsoft como líder no relatório The Forrester Wave™: Zero Trust Platforms, Q3 2025, mas mesmo líderes como Microsoft reconhecem que será necessário complementar plataformas principais com componentes especializados.

O Gartner introduziu conceitos como Cybersecurity Mesh e distingue entre SASE de fornecedor único versus SASE multimarca, reconhecendo que empresas seguem ambos os caminhos. Pela 2025, o Zero Trust está se tornando o modelo de segurança padrão para empresas, mas implementações maduras ainda são raras.

Casos Reais de Implementação

O Departamento de Defesa dos EUA, ao definir padrões Zero Trust para agências federais, reconheceu publicamente que nenhum fornecedor único consegue atender a todos os 152 controles de segurança exigidos. Será necessária colaboração e integração de várias soluções para atingir os níveis “alvo” e “avançado” de conformidade.

Em resposta a esses desafios, parcerias entre empresas tornaram-se comuns. A Elastic uniu-se a CrowdStrike, Gigamon e Vectra para demonstrar uma arquitetura Zero Trust integrada, cada qual contribuindo com sua especialidade. Esse proof of concept colaborativo mostrou que uma abordagem orquestrada e agnóstica a fornecedores pode prover defesa abrangente ponta-a-ponta.

Considerações Práticas para Implementação

Implementar Zero Trust com múltiplos fornecedores exige planejamento cuidadoso e boas práticas para maximizar benefícios enquanto mitiga complexidades.

Planejamento Arquitetural

Comece definindo os pilares (identidade, dispositivos, rede, aplicações, dados) e avaliando quais controles são necessários em cada um, seguindo frameworks reconhecidos como os padrões NIST de Zero Trust. Mapeie soluções existentes na empresa e identifique lacunas, priorizando áreas de maior risco.

Seleção de Fornecedores Compatíveis

Ao escolher ferramentas de diferentes fabricantes, verifique se possuem integrações nativas ou APIs abertas que facilitem a comunicação. Muitos fornecedores Zero Trust já possuem parcerias tecnológicas estabelecidas. Prefira aqueles comprometidos com padrões abertos (SAML/OAuth para identidade, syslog/CEF para logs) e que tenham casos de uso documentados de interoperabilidade.

Orquestração e Visibilidade Centralizadas

Para evitar silos operacionais, é fundamental implementar camadas que unifiquem monitoramento e resposta. Considere usar um SIEM ou plataforma de análise de segurança que agregue logs de todas as soluções, possibilitando correlação de eventos e detecção centralizada de ameaças.

Avalie soluções XDR ou Security Mesh que atuem como camada de integração entre produtos diversos. O objetivo é que analistas possam visualizar e controlar a segurança holisticamente, apesar da diversidade de fabricantes.

Automação e Capacitação

Utilize capacidades de automação via scripts, playbooks SOAR ou workflows integrados para reduzir a carga manual de administrar várias ferramentas. Configure alertas críticos no EDR para disparar automaticamente revogação de acesso na solução ZTNA, sem intervenção humana.

Garanta que sua equipe seja treinada nos sistemas escolhidos. Crie procedimentos internos cobrindo operação e interpretação de resultados de cada ferramenta e como elas se complementam. Considere contratar integradores ou provedores de serviços gerenciados com experiência em arquiteturas Zero Trust multi-vendor.

Implementação Incremental

Não tente implantar todos os componentes simultaneamente. Siga um roadmap em fases – comece reforçando gestão de identidades e MFA, depois implemente ZTNA para aplicações críticas, em seguida expanda para segurança de endpoint. Cada fase deve incluir integração com camadas anteriores, permitindo aprendizado e ajustes iterativos.

Exemplos Técnicos de Mitigação de Riscos

Exemplo 1: Integração IAM-ZTNA

Cenário: Okta (IAM) + Zscaler (ZTNA)
Configuração: APIs SCIM para sincronização de usuários
Política: Acesso condicional baseado em contexto de risco
Resultado: Autenticação única com controle granular de acesso

Exemplo 2: Correlação de Eventos

Cenário: CrowdStrike (Endpoint) + Splunk (SIEM) + Palo Alto (Network)
Integração: CEF/Syslog para logs centralizados
Automação: Playbook que isola endpoint comprometido automaticamente
Benefício: Resposta coordenada a incidentes em segundos

Exemplo 3: Microsegmentação Híbrida

Cenário: Cisco ACI (On-premises) + Zscaler (Cloud) + Illumio (Workloads)
Resultado: Segmentação consistente entre ambientes
Vantagem: Políticas unificadas independente da localização

Conclusão

A estratégia Zero Trust fragmentada com múltiplos fornecedores representa uma abordagem madura e estratégica para organizações que priorizam segurança robusta e flexibilidade operacional. Embora apresente desafios de integração e complexidade, os benefícios de poder selecionar as melhores soluções especializadas superam as dificuldades quando há planejamento adequado.

Nós observamos que empresas bem-sucedidas nessa abordagem investem em orquestração, automação e capacitação de equipes. Elas reconhecem que a diversidade de fornecedores, quando bem gerenciada, transforma-se em uma vantagem competitiva, construindo uma postura de segurança resiliente, ágil e preparada para os desafios modernos da cibersegurança.

A Dolutech recomenda que organizações considerem uma abordagem híbrida: utilize uma plataforma principal para a base, mas complemente com soluções especializadas onde necessário. Dessa forma, obtém-se o melhor dos dois mundos – simplicidade operacional combinada com excelência técnica em cada domínio crítico.

Conheça nosso Canal do Youtube
Escute Nosso DoluCast
Melhores da Semana