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Como Efetuar a Comunicação de Incidentes de Cibersegurança ao CNCS (Portugal) e CNCiber (Brasil)

Diante do cenário atual de ameaças cibernéticas crescentes, a resposta rápida e estruturada a incidentes de segurança é um dos pilares mais importantes para a proteção de organizações, usuários e infraestruturas críticas. Além das ações técnicas de contenção e análise, a comunicação oficial desses eventos às autoridades nacionais competentes é uma exigência legal e estratégica.

Tanto em Portugal, com o CNCS (Centro Nacional de Cibersegurança), quanto no Brasil, com o CNCiber (Centro de Prevenção, Tratamento e Resposta a Incidentes Cibernéticos de Governo), existem diretrizes que orientam como relatar um incidente cibernético de forma correta e eficaz.

Neste artigo completo, o Blog Dolutech apresenta:

  • A importância da comunicação de incidentes;
  • O papel das entidades CNCS e CNCiber;
  • O que caracteriza um incidente notificável;
  • Como se preparar e realizar o reporte de forma técnica e responsável;
  • E boas práticas para padronização interna de relatórios.

Por que comunicar incidentes de cibersegurança?

Comunicar um incidente cibernético às autoridades não é apenas uma obrigação legal (em muitos casos, conforme leis de proteção de dados e regulamentações setoriais), mas também um ato de responsabilidade social e corporativa.

Entre os principais motivos, destacam-se:

  • Prevenção de escalonamento de ataques em cadeia ou a terceiros;
  • Compartilhamento de indicadores de comprometimento (IOCs) com outras entidades;
  • Cumprimento regulatório (como RGPD, LGPD, NIS/NIS2, normativos do GSI/Presidência no Brasil);
  • Acesso a suporte técnico e orientação de resposta por parte de órgãos especializados;
  • Transparência institucional diante de acionistas, clientes e parceiros.

CNCS – Centro Nacional de Cibersegurança (Portugal)

O CNCS é o órgão responsável pela coordenação da Estratégia Nacional de Cibersegurança em Portugal. Através do seu braço técnico, o CERT.PT, o CNCS acompanha, analisa e responde a incidentes cibernéticos que possam comprometer:

  • Serviços essenciais;
  • Infraestruturas críticas;
  • Entidades da Administração Pública;
  • Prestadores digitais relevantes.

Quando comunicar um incidente ao CNCS?

A comunicação é recomendada quando o incidente:

  • Afeta a continuidade operacional;
  • Resulta em vazamento ou comprometimento de dados;
  • Possui indícios de envolvimento de APT (Ameaças Persistentes Avançadas);
  • Envolve falhas de segurança críticas exploradas ativamente;
  • Pode causar impacto nacional, regional ou setorial.

Como comunicar?

O CNCS oferece canais como:

  • E-mail direto: cert@cncs.gov.pt
  • Plataforma oficial: https://www.cncs.gov.pt
  • Atendimento técnico em tempo real (CERT.PT)

A comunicação deve incluir dados técnicos, logs, artefatos, ações realizadas e impacto estimado.

CNCiber – Centro de Prevenção, Tratamento e Resposta a Incidentes Cibernéticos de Governo (Brasil)

No Brasil, o CNCiber atua como coordenador nacional da resposta a incidentes no âmbito governamental e em setores estratégicos. Subordinado ao GSI/PR (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República), o CNCiber também é responsável por:

  • Apoiar tecnicamente entidades públicas;
  • Coordenar ações de contenção e investigação;
  • Garantir a segurança da informação no contexto nacional.

Quando comunicar ao CNCiber?

A comunicação é essencial quando houver:

  • Comprometimento de ativos governamentais ou públicos;
  • Incidentes que afetem sistemas críticos nacionais;
  • Ataques coordenados com potencial transfronteiriço ou persistente;
  • Vazamento de dados classificados, sensíveis ou pessoais sob guarda do Estado.

Como comunicar?

Canais disponíveis:

Recomenda-se envio criptografado ou por meio seguro. A resposta inclui orientações técnicas e acompanhamento do caso.

A importância de um relatório técnico padronizado

A comunicação eficaz de um incidente começa com a criação de um relatório técnico claro, objetivo e com todas as informações relevantes. Um bom relatório de incidente serve para:

  • Documentar as evidências coletadas;
  • Fornecer um panorama técnico para autoridades;
  • Demonstrar boas práticas e profissionalismo;
  • Facilitar auditorias futuras e medidas legais.

Além disso, padronizar esse processo permite que as equipes internas estejam prontas para agir rapidamente e evitar atrasos em contextos críticos.

O que um bom relatório de incidente deve conter

Embora os detalhes possam variar, recomenda-se sempre incluir:

ElementoDescrição
Identificação da entidadeNome, CNPJ/NIF, responsável técnico
Data/hora do incidenteCom precisão e fuso horário
Descrição do eventoO que ocorreu, como foi detectado, sintomas
Origem e vetor do ataqueIPs, domínios, CVEs exploradas
EvidênciasLogs, artefatos, hash de arquivos, capturas de tela
ImpactoDados vazados, sistemas comprometidos, duração do incidente
Ações tomadasIsolamento, mitigação, recuperação, notificação de usuários
RecomendaçõesMedidas futuras, melhorias, planos de correção

📄 A Dolutech preparou um modelo de relatório interno que pode ser adaptado para envio ao CNCS, CNCiber e outras entidades nacionais. Ele estará disponível ao final deste artigo.

Boas práticas ao comunicar incidentes

  • Mantenha um repositório seguro de evidências e logs coletados;
  • Use criptografia (ex: ZIP com senha, PGP) para envio de dados sensíveis;
  • Documente tudo: quem detectou, quando, como e por quais ferramentas;
  • Designe um ponto focal técnico para o diálogo com a autoridade;
  • Compartilhe IOCs (Indicadores de Comprometimento) com outras entidades públicas ou privadas, se aplicável;
  • Mantenha um histórico dos relatórios enviados e feedbacks recebidos.

Modelo de Relatório Técnico Interno

Para facilitar a adoção dessas práticas, a Dolutech oferece gratuitamente um modelo de relatório técnico interno, em formato .docx, estruturado para facilitar o envio ao CNCS, CNCiber, órgãos reguladores, e também para uso interno em empresas que desejam estruturar sua resposta a incidentes.

📎 Clique aqui para fazer o download do modelo oficial Dolutech

Conclusão

A comunicação de incidentes de segurança é mais do que uma exigência regulatória: é uma etapa crítica para garantir resposta coordenada, proteção nacional e responsabilidade corporativa. Tanto em Portugal quanto no Brasil, entidades como o CNCS e o CNCiber estão preparadas para receber, analisar e colaborar com empresas e instituições diante de eventos cibernéticos graves.

Adotar uma cultura de transparência, prontidão e documentação bem estruturada é o caminho para fortalecer a resiliência da sua organização — e contribuir com a segurança do ecossistema digital como um todo.

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