No contexto de cibersegurança, a eficácia de um Security Information and Event Management (SIEM) depende diretamente de como as ameaças e eventos são identificados e analisados. Para isso, um dos pilares mais importantes é a definição e implementação de User Cases Estruturados.
Os User Cases em um SIEM são cenários pré-definidos que ajudam a correlacionar eventos, detectar comportamentos suspeitos e acionar alertas automaticamente. Um User Case bem estruturado permite que a equipe de segurança identifique ameaças rapidamente e responda de forma eficiente.
Neste artigo do Blog Dolutech, vamos explorar o que são User Cases estruturados, sua importância para um SIEM e como implementá-los corretamente.
O Que São User Cases Estruturados?
Os User Cases são regras e procedimentos criados para identificar atividades suspeitas em um ambiente monitorado por um SIEM. Eles definem como um evento ou conjunto de eventos devem ser processados e correlacionados para gerar alertas e respostas.
Um User Case estruturado segue um processo bem definido, garantindo que cada evento seja analisado corretamente antes de ser considerado uma ameaça.
Elementos Fundamentais de um User Case
Um User Case estruturado em um SIEM deve conter os seguintes elementos:
- Objetivo – O que esse User Case busca identificar? (Exemplo: Detecção de login suspeito de um usuário privilegiado).
- Fontes de Dados – Quais logs e eventos serão analisados? (Exemplo: Logs de autenticação do Active Directory).
- Lógica de Detecção – Como os eventos serão correlacionados? (Exemplo: Vários logins falhos seguidos de um login bem-sucedido em um curto período).
- Severidade – Qual o impacto desse evento na segurança? (Exemplo: Crítico se for um usuário administrativo).
- Ação de Resposta – O que fazer se um alerta for disparado? (Exemplo: Bloquear o IP ou notificar a equipe de SOC).
- Testes e Validações – Como validar se a regra funciona corretamente?
Com base nesses elementos, podemos criar User Cases eficientes e acionáveis para um SIEM.
Importância de User Cases Estruturados em um SIEM
Implementar User Cases bem estruturados é essencial para o funcionamento eficiente de um SIEM.
Benefícios de um User Case Estruturado
- Redução de Falsos Positivos – Evita alertas desnecessários, permitindo que analistas foquem em ameaças reais.
- Maior Eficiência Operacional – Automatiza processos e respostas, reduzindo o tempo de detecção e mitigação.
- Melhoria Contínua da Segurança – Permite um monitoramento contínuo e aprimoramento baseado em dados reais.
- Facilidade de Auditoria e Compliance – Garante que as detecções sigam padrões e regulamentos como ISO 27001, NIST e GDPR.
Como Criar e Implementar User Cases no SIEM
Agora que entendemos a importância dos User Cases, vamos explorar como criá-los e implementá-los em um SIEM.
Passo 1: Definição do Objetivo do User Case
Antes de tudo, defina qual ameaça ou comportamento anômalo você deseja monitorar.
Exemplo: Monitorar múltiplas tentativas de login falhas seguidas de sucesso, o que pode indicar um ataque de força bruta.
Passo 2: Identificar as Fontes de Dados
Determine quais logs e eventos devem ser analisados.
Exemplo de Fontes de Dados:
- Logs de autenticação do Active Directory.
- Logs de tentativas de login no servidor SSH.
- Eventos do SIEM referentes a acessos privilegiados.
Passo 3: Criar a Regra de Correlação
Cada User Case precisa de uma lógica que correlaciona eventos suspeitos.
Exemplo de Regra:
SE (falhas de login >= 5) EM (5 minutos)
E (login bem-sucedido no mesmo IP)
ENTÃO gerar alerta de possível ataque de força bruta
Passo 4: Definir Severidade e Respostas
Após definir a regra, precisamos categorizar a severidade e definir a resposta adequada.
Tabela de Severidade:
Tipo de Evento | Severidade | Ação Requerida |
---|
Login falho em conta comum | Baixa | Monitorar |
Múltiplos logins falhos seguidos de sucesso | Alta | Notificar SOC |
Tentativas de login em conta administrativa | Crítica | Bloquear IP e gerar alerta |
Exemplo de Respostas Automáticas:
- Se baixo risco, apenas armazenar o log.
- Se risco médio, notificar um analista de segurança.
- Se risco crítico, bloquear acesso automaticamente via firewall ou SOAR.
Passo 5: Testar e Ajustar o User Case
Após definir a regra, precisamos testar e validar a detecção.
Passos para Validação:
- Simular um ataque real (por exemplo, várias tentativas de login falho).
- Observar se o SIEM reconhece e gera alertas corretamente.
- Ajustar os limiares da detecção para evitar falsos positivos.
Exemplo de consulta para visualizar eventos no SIEM:
SELECT user, source_ip, event_time
FROM authentication_logs
WHERE event_type = 'failed_login'
AND event_time BETWEEN NOW() - INTERVAL '5 MINUTES'
Se os testes forem bem-sucedidos, o User Case pode ser implementado oficialmente.
Exemplo de User Case Completo em um SIEM
Nome do User Case:
Detecção de Tentativas de Ataque de Força Bruta
Descrição:
Monitorar múltiplas falhas de login seguidas de um sucesso, indicando um possível ataque de credenciais.
Fontes de Dados:
- Logs do Active Directory
- Logs do SSH Server
- Eventos de autenticação no SIEM
Lógica de Detecção:
5 falhas de login seguidas de um sucesso no mesmo IP em até 5 minutos.
Severidade:
Médio para usuários comuns
Alto para contas privilegiadas
Resposta:
Notificar SOC para usuários comuns
Bloquear IP automaticamente para contas privilegiadas
Conclusão
A criação e implementação de User Cases estruturados em um SIEM são essenciais para garantir uma resposta eficaz a ameaças cibernéticas.
Com regras bem definidas, as equipes de segurança conseguem identificar padrões maliciosos, automatizar respostas e proteger o ambiente de forma proativa.
- Resumo das Etapas para Criar um User Case:
- Definir a ameaça a ser monitorada
- Escolher fontes de dados relevantes
- Criar regras de correlação e detecção
- Definir níveis de severidade e respostas
- Testar, validar e otimizar continuamente
Ao seguir esse processo, sua organização pode maximizar a eficácia do SIEM e reduzir riscos cibernéticos.
Saiba mais: MITRE ATT&CK Framework
Amante por tecnologia Especialista em Cibersegurança e Big Data, Formado em Administração de Infraestrutura de Redes, Pós-Graduado em Ciências de Dados e Big Data Analytics e Machine Learning, Com MBA em Segurança da Informação, Escritor do livro ” Cibersegurança: Protegendo a sua Reputação Digital”.